sábado, 21 de agosto de 2010

A infância de nossos filhos.


Paulo Bobsin

Hoje tive a honra de poder conversar com algumas pessoas em um encontro da  PASTORAL DA CRIANÇA sobre a temática indicada no título dessa postagem.agradeço a todas as pessoas presentes. A Drª Cledi foi quem me fez o convite.Importantes esses espaços de divulgação de idéias, informações e que tem se transformado em veículos da mais autêntica iniciativa comunitária pois não são eventos politiqueiros nem sustentados por interesse financeiro de qualquer natureza.As pessoas ali presentes, sem exceção, são representantes do que de melhor temos de elementos humanos.Pessoas dignas que se dedicam verdadeiramente a causa de servir a melhoria da humanidade.Esse que vos fala pode em livre espaço de tempo discorrer sobre a importância da presença dos pais e a tarefa deles de serem formadores de personalidade de seus filhos.Retomando esquemáticamente desde o início:
A) o assunto é conhecido por todos e refere-se a forma existencial de conhecimento.Todos tivemos infância e a experiência de cada um pode ser usada como parâmetro para transmissão de valores ao filho.Ou melhor, a experiência de cada um sempre é o que se utiliza pois os filhos são mesmo uma extensão dos pais.(para melhor comprensão da necessidade de resgatar essa dimensão existencial sugiro textos de Ivan illich, fazendo pesquisa na internet vão encontrar...)


B)Existe uma tarefa específica que deve ser realizada pelos pais para que essa criança torne-se um adulto saudavel futuramente.Por mais que seja verdade de que a genética determina muitas coisas ninguém nasce sabendo mas sim adqurire conhecimento ao passar do tempo.(ao menos assim deveria ser...).Se fosse meramente genético nem haveria sentido falarmos em aprendizagem na infancia.


C)É importante que os pais possam distinguir ,ao realizarem a sua tarefa de transmissão cultural, que coisas são advindas da fase em que a criança se encontra e que coisas devem ser reorientadas.Exemplo:a agressividade tende a ser socialmente reprovada mas também é verdade que as vezes a vida solicita de nós uma postura mais agressiva e independente.Importante que para a mente infantil o lúdico e o pictórico deve ter prioridade sobre o conhecimento técnico pois a mente infantil não tem condições de entender bem o que está assimilando.Mais tarde sim as crianças terão condições de avaliarem se vão assimilar ou não, por exemplo, determinada literatura, pois só a partir de certa idade a mente humana tem condições de realizar uma análise mais crítica e seletiva do que lhe está sendo oferecido.

Enquanto falávamos crianças brincavam...adultos em confraternização.Um bom início para o meu fim de semana.Já deixo aqui registrado:me chamem que estou sempre a disposição, quando for para fazer o bem!

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Da incoerência de nossas ações

Em seus ensaios o grande montaigne, filósofo na melhor acepção da palavra, delineia uma caricatura do ser humano onde a própria forma de sua escrita exemplifica a dificuldade de uma apreensão absoluta de qualquer espécie pretendida de uma tipologia.É sobre o agir humano que ele discorre.Um agir humano que não pode ser reduzido a uma tipologia, a um cálculo.Ele transita pela aprensão fenomenologica da psique no que essa se mostra como fragmentada.Por isso seus ensaios também são fragmentados pois ostentam perfeita sintonia com o objeto de suas dissertações.Vejamos abaixo:

Original: Ensaios; 2. ed. São Paulo: Abril Cultural, 1980, pp. 159-16







"Os que se dedicam à crítica das ações humanas jamais se sentem tão embaraçados como quando


procuram agrupar e harmonizar sob uma mesma luz todos os atos dos homens, pois estes se contradizem


comumente e a tal ponto que não parecem provir de um mesmo indivíduo. Mário, o Jovem, ora parece


filho de Marte ora filho de Vênus. Dizem que o papa Bonifácio VII assumiu o papado como uma raposa,


conduziu-se como um leão e morreu como um cão. E quem diria que Nero, essa verdadeira imagem da


crueldade, como lhe apresentassem para ser assinada, de acordo com a lei, a sentença contra um


criminoso, observou: – Prouvera a Deus que eu não soubesse escrever! – tanto lhe apertava o coração


condenar um homem à morte. Há tantos exemplos semelhantes, e tão facilmente os encontrará sozinho


quem quiser, que estranho ver por vezes gente de bom senso procurando juntar tais contradições,


mesmo porque a irresolução me parece ser o vício mais comum e evidente de nossa natureza, como o


atesta este verso de Públio, o satírico: “Má opinião, a de que não se pode mais mudar”.